segunda-feira, 31 de julho de 2017

Opinião: Existem forças ocultas em Aveiro

Todo o homem, que se devota à causa publica, tem como dever primacial, cultivar a isenção, o desinteresse e a renuncia, com devoção e desapego totais, para que ninguém, algum dia, possa supor que o que ele cultiva não é o interesse da comunidade, mas a causa privada de seus interesses particulares.

Há quem julgue que a comunidade não tem inteligência, nem memória, sendo por isso fácil iludi-los e ludibriá-los impunemente, mas, quando menos o esperam, sofrerão a desilusão mais tremenda!

Realizar é de muitos, conceber é de poucos, agora conceber e realizar é de raros. Mais, o carácter não se afirma em palavras, prova-se com acções e atitudes concretas. Também a honestidade dos indivíduos mede-se pela sinceridade, clareza e escrúpulo que põem em todas as suas palavras e consequentemente nas acções.

Ouve-se dizer com frequência que os discursos dos políticos não são para levar a sério, porque dali não se espera nada de jeito, pois eu não concordo com esta desresponsabilização, isso é desligar-se de todos os assuntos que dizem respeito ao cidadão votante e pagante de impostos, mais taxas municipais.

Quem é que não sabe que “A política é arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que lhes diz respeito” como escreveu Paul Valéry? Empurrar para o fim duma assembleia da câmara a intervenção do público, o que depreendemos com tal decisão?

Vivo em Aveiro há 32 anos, na qualidade de cidadão votante e contribuinte, conta-se pelos dedos as vezes que fui assistir às reuniões de Câmara de carácter público, como ainda às Assembleias Municipais. Esse desinteresse deve-se ao facto dos assuntos já estarem decididos antes do seu inicio, tudo o resto é para preencher tempo, cumprir os procedimentos, portanto as vozes dos cidadãos não produzem efeito, com a agravante dos que tomarem a palavra passarem a ser vitimas de pressão exercida por forças ocultas existentes na cidade de Aveiro, bem referenciadas, as tais que mandam nisto tudo, por exemplo, a maioria absoluta de determinado partido político, ainda que seja em coligação. Jogam com a passividade da comunidade. As maiorias são perigosas, senão mesmo doentias, o poder absoluto provoca delírio.

Essas forças ocultas introduzem-se nas associações à medida que vão sendo fundadas, com propósitos bem definidos: controlar as actividades, conhecerem as tendências políticas e religiosas de cada elemento dos órgãos sociais, transmitindo-as ao aparelho.

Já lidei e continuo a lidar com tais forças ocultas, com designações pomposas, soam bem aos ouvidos de quem não as conhece. A dificuldade em motivar pessoas desprovidas de sentimentos egoístas, traiçoeiros e de ingratidão ou outros que podem provocar a derrocada de uma instituição para preencher lugares nos órgãos sociais é tremenda. Quando nos apercebemos que metemos na capoeira raposas e lobos vestidos de cordeiro já é tarde. A seguir o que acontece? Convulsões internas, tudo é exposto na praça pública destruindo num ápice o que levou anos a erguer.

Os ditos velhos do Restelo também habitam em Aveiro, e a sua presença faz-se sentir nas mais diversas repartições públicas, tendo-se especializado nas respostas: não, não, não com língua da camaleão.

A política é rendosa profissão para quem a sabe explorar com a proficiência dum bom negociante. Facultar-lhe-á na vida um caminho fácil e triunfal. Sim, a política, tal como hoje se pratica em certos meios, é a mais apetecida e rendosa das profissões, sem dúvidas, pois lisonjeia vaidades inferiores e satisfaz apetites de grande tomo, ainda confere um conjunto de direitos incomensuráveis.

A verdade vinga-se sempre, quando a falseiam e desfiguram, obrigando por fim o falseador a engolir as próprias fezes. A certeza maior é que tudo tem seu tempo... E que todo tempo tem Deus. Rose Barros.

Um líder digno de o ser jamais pode se calar perante a injustiça, a ingratidão ou o desrespeito (AM Jr.).

Termino com uma frase lapidar para o tempo presente: O mundo não é ruim, só está mal frequentado!

Até breve.
J. Carlos

Director do Litoral Centro-Comunicação e Imagem

Nenhum comentário:

Postar um comentário