segunda-feira, 24 de julho de 2017

ELEIÇÕES EM TIMOR-LESTE | AFINAL HAVIA OUTRO... XANANA PRIMEIRO-MINISTRO?


Dois despachos da Lusa vindos de Timor-Leste dão conta da possibilidade de a contagem dos votos em Díli ser favorável ao partido de Xanana Gusmão, CNRT, o que apearia Mari Alkatiri, da FRETILIN, da consistente possibilidade de ser eleito primeiro-ministro. Consistente possibilidade mantida até agora pela votação do resto do país.
As últimas notícias são de que em Díli a vitória de Xanana Gusmão (CNRT) é certa e que recuperará o que perdeu para Alkatiri (FRETILIN), o único senão é a abstenção em Díli que pode chegar aos 50% segundo alguns observadores.

Considerando os últimos dados chegados de Timor-Leste importa tomar em consideração o que nos transmitem, no entanto nada garante que a eventual fuga de votos do CNRT para a FRETILIN e para o PLP, em Díli, como aconteceu no resto do país, venha a compensar a prevista superioridade eleitoral que é atribuída a Xanana Gusmão na capital.

Estamos em acreditar que a FRETILIN irá manter a dianteira por uma escassa margem. Assim, dizemos bem quando anunciamos Alkatiri como o novo primeiro-ministro de Timor-Leste. Estão reunidas todas as condições para que isso aconteça, nem que seja somente por um voto mais que Xanana Gusmão… Poder-se-à dizer então, com toda a propriedade, que afinal não haverá outro primeiro-ministro, saído deste ato eleitoral, a não Mari Alkatiri.

Dentro de poucas horas, na manhã de Díli, saberemos qual o ditame da contagem provisória de votos nestas eleições que sem dúvida foram exemplares e absolutamente renhidas até ao último minuto. Que a contagem aconteça com a maior transparência, para que não restem dúvidas, nem os rumores que já se perfilam num e noutro lado.

A seguir, se continuar a ler, duas peças relacionadas com a abordagem que acaba de ler.

MM | PG 

Diferença entre os dois maiores partidos será mínima

23 de Julho de 2017, 21:20

Díli, 23 jul (Lusa) -- A diferença de votos entre os dois maiores partidos timorenses nas eleições legislativas de sábado vai ser mínima e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) ainda pode vencer a Fretilin, que continua à frente na contagem.

Na sede do CNRT, em Díli, os números do partido apontam a uma vitória em Díli - o último município onde ainda não terminou a contagem - que poderá permitir reverter a liderança que a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) manteve durante toda a contagem.

A diferença de votos entre os dois partidos vai ser mínima - podendo não chegar a 3.000 votos - o que pode implicar que tenham o mesmo número de lugares no Parlamento Nacional, que elege um total de 65 deputados.

Quando estão contabilizados 97,27% dos votos, a Fretilin lidera a contagem com 155.438 votos (29,72%), à frente do CNRT que tem 149.871 votos ou 28,55%, o que representa uma diferença de apenas 5.567 votos.

Em Díli, o único município onde ainda decorre contagem (estão contabilizados 72,29% dos votos) o CNRT tem 28.239 votos (38,62%) contra os 21.529 da Fretilin (29,44%).

Francisco Kalbuadi, secretário-geral do CNRT, indicou à Lusa números que apontam para uma ligeira vitória do seu partido, afirmando porém que vão "esperar pela contagem" que esperam estar concluída até ao final da noite.

Questionado sobre se o CNRT, caso vença, negociará ou não com a Fretilin para a formação de Governo, Kalbuadi remeteu uma decisão para mais tarde, depois de uma reunião do partido.

"Depois dos resultados, amanhã, há uma reunião da comissão politica e vamos ouvir a orientação do presidente do partido, Xanana Gusmão e talvez uma conferência para decidir qual ai ser a nossa posição", disse.

"Neste momento não posso dizer nada. A decisão é coletivamente do partido", afirmou.

ASP // JPS

O 'comboio' de urnas que vai ditar o vencedor das legislativas

23 de Julho de 2017, 23:11

Díli, 23 jul (Lusa) - O destino da governação de Timor-Leste está a ser conhecido, ata a ata, numa sala ao lado do edifício principal da administração municipal de Díli, onde se acumula um comboio de urnas dos 83 centros de votação de Díli.

Uma sala com florescentes de repartição pública, cortinas cremes penduradas em suportes dourados, paredes azuis claras e onde 70 urnas também azuis, já estão empilhadas numa das esquinas, dez lado a lado, sete em altura.

Junto às urnas, observadores internacionais e fiscais partidários - o da Fretilin distingue-se pela camisola, o do CNRT pelo bloco com símbolo do partido - acompanham o tedioso processo de verificação de atas eleitorais.

O resultado final de uma das corridas eleitorais mais renhidas de sempre em Timor-Leste - a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) reivindicam, ambos vitória - será conhecido aqui nesta sala.

Nas últimas horas, já se fechou a contagem nos restantes 12 municípios de Timor-Leste e nos centros de votação na diáspora. Só falta saber quem vence em Díli e com que margem, para saber quem vence as eleições.

E a diferença deverá ser mínima, de dois ou três mil votos, num universo de cerca de 500 mil eleitores.

A nível nacional e com 97,38% dos votos contados, nesta altura, a Fretilin tem 159.453 (29,73%) e o CNRT tem 154.936 (28.89%).

Só falta Díli. Todas as urnas, incluindo as mais distantes no município - que vieram da ilha de Ataúro ao largo da capital - chegaram aqui há 12 horas. Mas 30 horas depois do fecho das urnas, ainda falta apurar 18 dos 83 centros.

"Isto vai demorar até à 01:30 da manhã pelo menos", explica um dos responsáveis que vai arrastando as caixas do exterior para a sala.

Um centro de votação de cada vez, entram as urnas e a ata que lhes corresponde, oficiais eleitorais introduzem a informação correspondente, com a respetiva distribuição de votos pelos partidos e o total vai subindo. Devagar.

São mais ou menos cinco centros de votação por hora, explica um dos observadores.
Com uma diferença tão pequena todos vão esperar até ao fim.

Em Díli, o CNRT está à frente da Fretilin e a dúvida é se, com a margem que leva, consegue anular a vantagem que a Fretilin ainda tem nas contas totais nacionais.

A CNRT acha que, com os dados dos seus fiscais nos locais de votação, tem a vitória garantida, e a Fretilin já a celebrou por duas vezes.

No meio da incerteza sobre quem ganha há outra questão que domina este voto - a elevada abstenção. Num universo de 760 mil recenseados, o número de votantes pode rondar os 500 mil ou uma abstenção que pode rondar os 34%.

E que se nota particularmente em Díli onde pode chegar aos 50%.

Os números somam-se todos, daqui a algumas horas.

ASP // MAG

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