domingo, 30 de julho de 2017

Brasil | MEIRELLES, O PRESIDENTE INVISÍVEL


Enquanto país se distrai com o futuro de Temer e a “agenda da corrupção”, um homem comanda, em nome da aristocracia financeira e da mídia, as contrarreformas que realmente importam ao Mercado
Samuel Pinheiro Guimarães | Outras Palavras

1. Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, ex-presidente do Bank of Boston e durante vários anos presidente do Conselho da J e F (de Joesley), de onde saiu para ocupar o ministério da Fazenda, procura, à frente de uma equipe de economistas de linha ultra neoliberal, implantar no Brasil, na Constituição e na legislação uma série de “reformas” para criar um ambiente favorável aos investidores, favorável ao que chamam de “Mercado”.

2. Henrique Meirelles já declarou, de público, que se o presidente Temer “sair” ele continua e todos os jornais repetem isto, com o apoio de economistas variados e empresários, como Roberto Setúbal, presidente o Itaú.

3. Estas “reformas” são, na realidade, um verdadeiro retrocesso econômico e político. Estão trazendo, e trarão, enorme sofrimento ao povo brasileiro e grande alegria ao “Mercado”.

4. Enquanto crucificam o povo brasileiro e em especial os mais pobres, os trabalhadores e os excluídos, o debate político fica centrado na corrupção, desviando a atenção da classe média e dos moralistas, em torno de uma verdadeira “novela” com heróis e bandidos.

5. Discute-se se Michel Temer levou ou não “contribuições pessoais” e se foram 500 mil ou 20 milhões, a prazo; se o senador Aécio Neves pediu uma propina ou um empréstimo (informal!!) de 2 milhões de reais; se a JF corrompeu quem e quantos e ficaram livres de pena; se o Joesley merecia o perdão; se Sérgio Moro, juiz de primeira instancia, é ou não a principal autoridade judiciária do país, acima da lei; se o ministro Marco Aurélio é justo; se o ministro Gilmar Mendes é imparcial etc etc etc.

6. O tema verdadeiramente importante é a tentativa das classes hegemônicas brasileiras, aqueles que declararam ao Imposto de Renda ganharem mais de 160 salários mínimos por mês (cerca de 160 mil reais) e que são cerca de 70 mil pessoas e que constituem, em seu conjunto, aquela entidade mística que os jornais e analistas chamam de “Mercado”.

7. O “Mercado” contra o Povo.

8. De um lado, o “Mercado”:

- os empresários, promotores do Pato e financiadores do MBL; exceto aqueles que já se deram conta que Meirelles é contra a indústria;
- os rentistas;
- os grandes proprietários rurais (entre eles o senador e Ministro Blairo Maggi e o avião interceptado pela FAB);
- os grandes proprietários urbanos;
- os banqueiros (não os bancos) e seus lucros;
- os gestores de grandes empresas privadas, modestos ex-professores universitários;
- os proprietários dos meios de comunicação;
- os grandes executivos brasileiros de megaempresas multinacionais;
- os professores universitários, formados em universidades estrangeiras, em teorias próprias dos países desenvolvidos e que, mesmo lá, fracassam;
- os economistas e os jornalistas econômicos, empregados do Mercado.

9. De outro lado, o Povo:

- os 53 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, isto é, cuja renda mensal é inferior a 182 reais;
- as dezenas de milhões que são isentos do imposto de renda por terem renda inferior a 2.500 reais por mês.
- os 61 milhões que estão inadimplentes, com seus crediários;
- os 14 milhões de desempregados;
- os 3 milhões de crianças fora da escola;
- os mais de 11 milhões de habitantes de favelas (hoje chamadas comunidades!!);
- os subempregados;
- os 47 milhões que ganham menos de um salário mínimo por um mês;
- os milhões sem remédios e sem hospital.

10. O programa econômico de Henrique Meirelles é o verdadeiro inimigo do povo! Não é a corrupção que distrai a atenção da verdadeira catástrofe que está sendo consolidada na legislação através de um Congresso que representa principalmente empresários, banqueiros, proprietários rurais, rentistas, etc.

11. O Mercado agora deseja colocar um presidente de imagem limpa para que, como disse o Roberto Setúbal, na Folha de São Paulo, o importante são as “reformas”! Não importa quem as conduza!

12. É preciso lutar com todas as forças contra este programa de “retrocessos” disfarçados, cinicamente, de “reformas” a “favor” do Povo!

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